quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Poemeto Erótico - Manuel Bandeira


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Teu corpo claro e perfeito,
- Teu corpo de maravilha
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha...

Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa... flor de laranjeira...
Teu corpo branco e macio
É como um véu de noivado...

Teu corpo é pomo doirado...
Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...
Teu corpo é a brasa do lume...

Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes...
É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama...
Volúpia de água e da chama...

A todo momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...

"Não procuro unicamente ereções, mas também e sobretudo emoções"

Cena do filme Calígula (Brass, 1979)

A frase título desta postagem está citada como epígrafe no site do cineasta italiano Tinto Brass, cujo filme de maior sucesso é Calígula (1979). Para ele, o erotismo está para a pornografia assim como a felação está para o "boquete", sendo portanto uma questão semântica.
Tanto no cinema quanto na literatura, supor que o erotismo visa somente excitar equivale a confundi-lo com pornografia pura e simples. A fronteira entre um e outro, porém, é tênue e vale a pena ser pensada, além de intensamente vivida pelos nossos corpos ávidos por prazer.
Um artigo publicado este mês de agosto na Revista Universitária do Audiovisual (RUA/UFSCAR) desenvolve este tema polêmico, citando não só Tinto Brass como também o poeta José Paulo Paes:
(…) a literatura erótica, conquanto possa eventualmente suscitar efeitos desse tipo (excitações) não tem neles a sua principal razão de ser. O que ela busca, antes e acima de tudo, é dar representação a uma das formas da experiência humana: a erótica. (Poesia erótica em tradução de José Paulo Paes. São Paulo, Companhia das Letras, 2006)
A seguir o link para o artigo de André Renato. Confiram!

http://www.ufscar.br/rua/site/?p=5035

O erotismo, os erotismos (Ilustrações: Vik Muniz)

Obra do artista brasileiro Vik Muniz, entitulada Torso.

L'origine du Monde, impressão em gelatina e prata de Vik Muniz

Obra de Vik Muniz apresentada na abertura da novela brasileira Passione
O corpo como paisagem e o desejo erótico como mobilizador do mundo são temas abrangentes que, para além das generalizações e tabus que pesam sobre o conceito de erotismo, evidenciam o sentido universal do amor/sexo.
Num mundo fragmentado, onde cada um de nós exerce funções específicas, a depender do lugar em que atua e das pessoas com as quais se relaciona, a ideia de persona se multiplica e ao mesmo tempo se divide, sob o peso das pressões econômicas, políticas e existenciais.
Só o erotimo nos une! Só ele pode juntar todos os nossos fragmentos, transformando nossas dores em alegrias e nossos suplícios em mistérios gozosos. O erotismo, quando canalizado artisticamente, recria uma versão de origem do mundo que é também uma visão do homem, em seu sentido amplo. 
A intersecção entre erotismo e arte agrega porque fala de desejos humanos. Expressa sentimentos que são de todos (tomara!) os seres humanos maduros diante da vivência mais sublime que nossos corpos já foram capazes de juntos alcançar: o gozo sexual.
Apesar de ser um tema subjetivo, ou seja, cada um goza com o que gosta, o erotismo é um movimento universal cuja força transformadora é capaz de unir mais que corpos e conceitos; ele pode unir vidas e explicá-las. 
Para finalizar esta reflexão, pensemos que existem vários erotismos. Há, por exemplo, o erótico que choca e o erótico que romantiza; o erotismo óbvio e o erotismo subliminar; há pulsões eróticas que geram violência e há aquelas que despertam amor entre as pessoas. Contudo, no abrangente e fragmentado universo dos desejos humanos, a realização erótica pode ser mais que uma utopia, pois junta as partes que Platão diz separadas e dá ao homem/mulher a sensação de plenitude imaterial, sendo algo belo e ao mesmo tempo sublime.  

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Fetiche sobre Duas Rodas

Mestre da HQ Milo Manara e o diretor Tinto Brass exploraram o fetiche sobre duas rodas

Texto publicado originalmente na Revista Trip (dez. 2010)

Reprodução
TRIP-201_Saladagonca_-005
Cena do filme Monella, de Tinto Brass

No quadrinho erótico, nada se compara a Milo Manara. ele e outro conterrâneo, o italiano Tinto Brass (com o filme Monella), diretor de Calígula, exploraram o fetiche sobre duas rodas.

      Lola mal saiu da adolescência e tem pressa para experimentar algo que ocupa seus pensamentos 24 horas por dia: sexo. Muito bonita, sexy e curiosa, não sabe se conseguirá esperar até o breve casamento para perder a virgindade. Seu noivo, o filho do padeiro, tenta resistir porque quer a futura esposa pura até a lua de mel. Mas parece difícil segurar a moça, que vive pelo vilarejo a pedalar, sem se preocupar muito se vão falar de sua saia curta e esvoaçante. Essa é a trama que move os quase 100 minutos da comédia “Monella” (1998), um dos mais saborosos filmes do mestre do “pornô-soft”, o italiano Tinto Brass, aquele que escandalizou o mundo em 1979 com a suruba dos senadores e suas esposas em “Calígula”. Como em todo longa seu, Brass usa a bicicleta para criar um pretexto e explorar as fantasias de uma garota para lá de fogosa. Não é preciso muita imaginação para perceber que a ninfeta Monella meio que faz sexo com o selim, em movimentos de pernas e quadris capazes de enlouquecer o espectador em segundos. A história é um espetáculo visual de sensualidade da atriz Anna Ammirati.
Reprodução
TRIP-201_Saladagonca_-006
Click 4 (no alto), momentos do criador das mulheres mais belas do mundo, Manara

O correspondente a Brass nos quadrinhos também é italiano: Milo Manara, que ficou famoso pela série “O Clic”, em que um cientista tarado e desprezado por uma linda e jovem milionária resolve se vingar e implanta um chip no cérebro dela para que sua libido seja acionada por controle remoto nos momentos mais inconvenientes possíveis. Hábil em explorar as mais universais fantasias sexuais dos ocidentais, Manara também já voltou sua atenção para um fetiche em especial: a bicicleta. E fez isso em pelo menos dois de seus álbuns: “O perfume do invisível” e “O Clic” – volume 4. No primeiro, uma jovem loura anda de moto e é seguida por uma bicicleta que parece andar sozinha. Na verdade, seu perseguidor está... nu e invisível! No segundo, a recatada Claudia Christiani se transforma em uma devassa e dá uma de Monella, ao brincar com o banco de couro da bicicleta numa movimentada rua italiana. Tudo porque o aparelho que controla sua vontade sexual caiu nas mãos de um casal de primos que arma um plano de chantagem e extorsão. Com apenas uma camisa de mangas compridas, porém curtas, sem nada por baixo, ela pega a bicicleta e... a imagem acima diz tudo.
Byke Trip das Gerais: Me dá um selim?Mestre da HQ Milo Manara e o direto...: Me dá um selim? Mestre da HQ Milo Manara e o diretor Tinto Brass exploraram o fetiche sobre duas rodas Reprodução Cena do fil...

Uma busca por literatura erótica atual - Colherada Cultural

Uma busca por literatura erótica atual - Colherada Cultural

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Elas gostam de apanhar - Luiz F. Pondé

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/1143488-elas-gostam-de-apanhar.shtml

"Elas gostam de apanhar." Esta é uma das máximas mais famosas de Nelson Rodrigues, nascido no dia 23 de agosto de 1912 no Recife. Esta afirmação ainda choca muita gente. "Reacionário!", "machista!", gritam os inteligentinhos que nada entendem da "vida como ela é".
É comum se dizer que Nelson está assimilado ao cenário cultural, mas não é verdade. A prova é que livros best-sellers como "Fifty Shades of Grey" (Cinquenta Tons de Cinza), de E. L. James, ainda causam ira por parte dos setores "progressistas" (a esquerda festiva da qual tanto falava Nelson), apesar de as mulheres "normais", que segundo Nelson são as que gostam de apanhar, estarem devorando o livro com imenso prazer.
No livro de James, Anastasia Steele, universitária, se apaixona pelo poderoso Christian Grey, de quem se torna amante, perdida nas delícias de uma relação "sadomasô light" a qual ela se deixa submeter. E gozará maravilhosamente na submissão. No primeiro momento em que ela o encontra, tropeça e cai, anunciando o domínio que Christian terá sobre ela. Na linguagem feminina comum, "Ele tem pegada!". E o afeto feminino responde à "pegada".
Não se trata de dizer que Nelson está estimulando surras, mas sim que o desejo feminino passa pelo gozo da submissão ao macho desejado, dentro do jogo da sedução e do sexo. O "elas gostam de apanhar" no Nelson também fala do enlouquecer o homem, como no caso de adultério, e esperar dele uma bofetada acompanhada de "sua vagabunda", revelando o quanto ele ama esta mulher que o traiu. A psicologia rodriguiana parte da sua máxima "a vida é sempre amor e morte".
"A prostituta é vocação e não a profissão mais antiga." Há uma relação íntima entre sexualidade feminina e a figura da prostituta como eterna promiscuidade temida. A mulher que nunca encenou "sua" prostituta no sexo, nunca fez sexo.
"Dinheiro compra até amor verdadeiro." Imaginemos duas situações hipotéticas.
Hipótese 1: Alguém convida você para um longo fim de semana na costa amalfitana na Itália. Executiva, hotel charmoso, longas caminhadas por ruas quietas e antigas, sem pressa, vinho (não "bom vinho" porque isso é papo de pobre querendo parecer rico, do tipo que os jovens chamam de "wanna be", gente que queria ser chique, mas não é).
Hipótese 2: Alguém te convida para um fim de semana longo na Praia Grande, você pega oito horas de Imigrantes, trânsito infernal, o carro ferve, você fica na estrada esperando o socorro da Ecovias. Chega lá, apartamento apertado, cheiro de churrasco na laje por toda parte. Crianças dos outros gritando em seu ouvido.
Onde você acha que o amor verdadeiro nascerá? Se responder "hipótese 2", é mentiroso ou não sabe nada acerca dos seres humanos, vive num aquário vendo televisão e se olhando no espelho.
Antes de alguém dizer obviedades entediantes como "preconceito" (agora quando alguém fala para mim "preconceito", não levo mais essa pessoa a sério) ou "depende de qual contexto a pessoa nasce", esclareço: é fácil migrar da Praia Grande para a costa amalfitana, mas não o contrário. E quanto ao "preconceito": não se trata de preconceito, se trata do tipo de verdade que todo mundo sabe mas é duro reconhecer. Sim, o amor verdadeiro está à venda e enquanto você não entender isso você permanece um idiota moral.
O reconhecimento deste fato torna você adulto, não torna você "melhor". E ser adulto é saber que o mundo não é um lugar "bom". Começando por você e eu.
Sábato Magaldi chamava o Nelson de "jansenista brasileiro". Jansenistas eram escritores franceses do século 17 que partilhavam uma visão de natureza humana na qual somos vítimas de desejos incontroláveis (ou pecado, na linguagem da época) e que por isso não conseguimos escapar dessa armadilha que é interior e não "social". A raiz deste pensamento é a concepção de ser humano de Santo Agostinho que eles herdaram. Pascal, Racine e La Fontaine foram jansenistas.
Eu acrescentaria que Nelson era um moralista. Moralista em filosofia é um especialista na alma humana. Proponho que ensinem mais Nelson na escola e menos Foucault.

Trecho selecionado do livro 50 Tons de Cinza


"Quero tocá-lo. Movo as mãos, mas, como estou amarrada, toco-lhe o cabelo com bastante estupidez. Deixa de me beijar, lavanta os olhos e move a cabeça de um lado a outro estalando a língua. Pega minhas mãos e volta a colocá-las acima da minha cabeça.
_ Se mover as mãos, teremos que recomeçar - ele reprende-me suavemente.
Oh, ele gosta de me provocar.
_ Quero tocar em você. _ Digo-lhe ofegante, sem pode me controlar.
_ Eu sei, _ murmura. _ Mas deixe as mãos queitas, _ ele ordena, sua voz é forte.
Ele levanta o meu queixo de novo e começa a beijar minha garganta como antes. Oh....
Suas mãos descem pelo meu corpo, sobre meus seios, enquanto seus lábios deslizam pelos meu pescoço. Acaricia-me com a ponta do nariz, e logo, com a boca, dá início a uma lenta travessia para o sul e ergue seu rastro de suas mãos, pelo esterno, até meus seios. Beija-me e me mordisca um, logo o outro, e me chupa suavemente os mamilos. Caramba.
Meus quadris começam a balançar-se e mover-se por conta própria, seguindo o ritmo de sua boca, e eu tento desesperadamente lembrar que tenho que manter as mãos acima da cabeça.
            (...)

_ Oh... por favor, - suplico-lhe.
_ Mmm, eu gosto que me suplique, Anastásia.
E gemo.
_ Não estou acostumado a pagar com a mesma moeda, senhorita Steele, _ ele sussura deslizando-se pelo meu sexo. _ Mas hoje me agradou, assim, tem que rceber sua recompensa. _ Ouço em sua voz o sorriso perverso, e enquanto meu corpo palpita com suas palavras, começa a rodear meu clítoris com a lingua, muito devagar, me sujeitando as coxas com as mãos.
_Ahhh! - Eu gemo, meu corpo se arqueja e se convulsiona ao contato de sua língua.
Segue me torturando com a língia uma e outra vez. Perco a consciência de mim mesma. Todas as partículas de meu ser se concentram no pequeno ponto nevrálgico por cima das coxas. As pernas ficam rígidas. ouço seu gemido enquanto me introduz o dedo.
_ Oh, querida. Eu adoro que esteja tão molhada para mim. 
Move o dedo riscando um amplo circulo, me expandindo, e sua língua segue o compasso do dedo ao redor do meu clítoris. Gemo. E muito...Meu corpo suplica por alívio, e nao posso seguir me nagando. Deixo-me ir. O orgasmo se apodera de mim e perco todo pensamento coerente, retorço-me por dentro, uma e outra vez. Caramba. Eu grito, e o mundo se desmorona e desaparece de minha vista, enquanto a força de meu clímax torna tudo nulo e sem efeito".
(50 tons de Cinza - E.L. James)


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Um leitor muito especial

Há pouco mais de dois meses criei este blog e, todos os dias, me surpreendo positivamente com o número de acessos, especialmente com suas origens diversas. Vejo que há leitores em Angola, Portugal, Estados Unidos, Rússia, Suécia, Alemanha e até na Letônia e na Indonésia. O maior número de acessos, claro, provém do Brasil. Acredito que os leitores de outros países sejam brasileiros residentes fora.
Minhas amigas têm comentado, até mesmo pessoalmente, e algumas dizem imprimir meus textos para serem lidos na cama, junto ao homem amado, com a finalidade de apimentar a relação. Ah! Vocês não imaginam como isso me excita! Mas deixemos estas histórias para outra ocasião.
Ontem, tarde da noite, recebi o alerta da chegada de um e-mail e me levantei para checar. Identificando-se como um leitor de O Amor Natural de Juliet, meu remetente me convidou para uma conversa privada:
 <Olá Juliet. Gosto muito de seus textos>
<Vejo que você tem bom gosto. E agradeço>
<Seu último post, sobre skype é bem interessante... O final é forte e fiquei com vontade de saber de você... como está sua casa? Se estiver vazia, Juliet, eu quero ocupar sua casa, morar bem dentro dela>
<hum... o que você faria se estivesse aqui, na minha casa?>
<ia até a portinha dela pra dá uma lambida.  Depois ia entrar com minha língua inteira. Juliet, eu ia invadir sua casa, penetrar sua intimidade>
<a porta estará fechada. terá que bater forte, bata bem forte, cinco, dez vezes. Use toda a sua força para que eu abra e vc entre>

<hum... usar toda a minha força?? Sou bastante forte e grande hem... E se eu arrombar a porta?>

<violência? nao curto hem... terá que ser forte, mas delicado, com jeitinho...>

<eu vou com jeitinho, então...>

<venha logo, pois vc sabe... a fila anda!>

Dica do dia

Quem gosta de ler sobre sexo não pode perder esta delícia de texto. A Casa dos Budas Ditosos, do baiano João Ubaldo Ribeiro, é dos livros mais excitantes que já li. Recomendo!
Ao final deste blog há uma lista de livros e filmes eróticos.  

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Casa, sexo e Skype


Karla estava na Inglaterra, bem longe de casa. É doutora em Sociologia e participava de um Congresso Internacional de Comunicação e Ciências Sociais, em Cambridge. Trinta e seis anos, morena, cabelos lisos, seios fartos, uma bela bunda empinada, estatura mediana, típica brasileira boazuda, porém recatada. Casada com Marcelo desde o mestrado, há onze anos, Karla costumava viajar sozinha para apresentar sua pesquisa em universidades de todo Brasil e até de outros países.  
Após a abertura do congresso que reunia toda sorte de pesquisadores de várias nacionalidades, a primeira apresentação em seminário foi de uma mulher romena. Seu trabalho era pensar como a tecnologia alterou as relações entre migrantes romenos na Europa contemporânea. A intelectual começou com a discussão do conceito de “casa”, uma vez que os romenos deixavam o Skype ligado para conversar com os parentes à distância enquanto realizavam suas atividades domésticas e cotidianas. Segundo a romena, os migrantes lavavam louça, limpavam casa, assistiam televisão e faziam até festas de aniversário com o parente do lado, na telinha do computador. Em síntese, com a popularização do Skype, a “casa” ganhava outra dimensão de compartilhamento da intimidade, a despeito da distância geográfica. Karla lembrou-se de uma amiga que contou sobre “transar” pelo Skype e ficou pensando que, com a tal comunicação erótica, a “cama” também pode ser compartilhada.
Ao fim das apresentações e perguntas, Karla recusou convites para um drink e foi direto para o hotel. No caminho, enviou um torpedo ao marido para que ele entrasse no skype em uma hora. Ela sentia seu coração palpitar acelerado e andava rápido como quem precisa fazer algo antes que perca a coragem. Como não tinha levado nenhuma lingerie especial, Karla passou numa loja feminina e comprou o mais ousado conjunto de calcinha e sutiã que encontrou. No hotel, depois de um banho rápido, se trocou e se maquiou, deixou os cabelos soltos e vestiu o único sapato scarpin que levara. Por cima de tudo, um roupão surrado.
Ligou o notebook. Marcelo já estava online. Chamada com vídeo. Sentiu o calafrio que precede o prazer de realizar algo inédito e, por que não dizer, indecoroso. Depois de uma conversa trivial sobre os acontecimentos cotidianos, sem mais nem menos, Karla se levantou e tirou o roupão. Estava de costas para o computador, calcinha fio dental preta. Sapato de salto deixa a bunda ainda mais empinada, o melhor ângulo. Fez o que vinha ensaiando mentalmente desde que teve a louca ideia: pôs as duas mãos nas nádegas e apertou-as com força, rebolando. Escutou as exclamações desconexas do marido e abaixou-se toda regateira para olhá-lo. Os olhos do homem estavam vidrados, sorriso largo na boca, excitação total.
Karla fez menção de esfregar os seios no monitor, mas refugou. Toda exibida, mostrava a lingerie passeando as mãos na barriguinha e nos próprios seios. Olhando fixamente para o marido, remexia o corpo como se dançasse coladinha a alguém. Ele parecia não acreditar que aquele mulherão era sua esposa; estava visivelmente excitado, inquieto e com o rosto grudado na tela. Provocante, embora sem muita prática, ela fez um strip rudimentar, mas suficiente para deixar Marcelo com desejos de se teletransportar até ela. Karla sentou-se numa poltrona, pés bem separados um do outro, pernas apartadas. Afastou a calcinha nova e deixou à vista os pelos pubianos. “Amor, queria que minha bucetinha fosse a sua casa...”, e bateu de leve a palma da mão no seu sexo virtualmente exposto.    


     

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Boda Espiritual


Tu não estás comigo em momentos escassos:
No pensamento meu, amor, tu vives nua
- Toda nua, pudica e bela, nos meus braços.

O teu ombro no meu, ávido, se insinua.
Pende a tua cabeça. Eu amacio-a... Afago-a...
Ah, como a minha mão treme... Como ela é tua...

Põe no teu rosto o gozo uma expressão de mágoa.
O teu corpo crispado alucina. De escorço
O vejo estremecer como uma sombra n'água.

Gemes quase a chorar. Suplicas com esforço.
E para amortecer teu ardente desejo
Estendo longamente a mão pelo teu dorso...

Tua boca sem voz implora em um arquejo.
Eu te estreito cada vez mais, e espio absorto
A maravilha astral dessa nudez sem pejo...

E te amo como se ama um passarinho morto.
(Manuel Bandeira)

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Buenos Aires: dias frios, noite quente

No último inverno fomos só nós dois para Buenos Aires com a proposta de sair da rotina. Durante nossa estadia transamos bastante, em alguns dias mais de uma vez, mas uma noite em especial não me sai da lembrança.
Tínhamos caminhado muito pela cidade naquela tarde, pedalamos bicicletas alugadas, bebemos uma garrafa de vinho e, à noite, comemos uma parrillada que me fez voltar para o hotel com vontade de deitar e dormir. Foi o que fizemos, estávamos exaustos.
No meio da noite, porém, voltando de uma ida rápida ao banheiro, ele tentou me acordar: “Essa sua camisolinha me tira o único juízo que ainda me resta, minha linda”. Falou isso deslizando as mãos da minha cintura até as coxas, passando-as pelo meu quadril, e com a respiração tranquila de quem lê um livro com a luminária acesa enquanto o outro dorme, começou a beijar meus ombros. Sereno, manifestando de forma natural seu desejo, ele alisou meus cabelos e depois os prendeu em uma das mãos. Senti que puxou minhas madeixas levemente e sua boca se aproximou da minha nuca exposta. Com beijos e lambidas, entre mordidinhas e sucções, ele aspirou demoradamente atrás da minha orelha e sussurou: “seu aroma é divino, tenho vontade de ficar grudado em você, sentindo o cheiro de sua pele até amanhecer o dia”.
Tudo nele é belo: rosto, peito, costas, bíceps, pernas e a linda bunda masculina. Nele a insondável beleza física se destaca e, muitas vezes, ao vê-lo em cima de mim considero-me a mulher mais sortuda do mundo. Sua boca não é carnuda, e sim bem desenhada, lembrando o formato de um coração. Seu sorriso é lindo e, com ele, seus olhos se apertam. Moreno, alto, musculoso, cabelos grisalhos lhe dão mais charme, ele me faz sentir miúda quando me enlaça em seus braços. Ser acordada por aquele semideus, convenhamos, estava longe de ser uma experiência desagradável; então fingi que estava num sono pesado, murmurei palavras imaginárias e simulei um leve espasmo, mas fiquei imóvel.
Deitada de lado, com a parte de baixo vestida apenas por uma calcinha sexy que faz par com uma camisola preta e de rendas, pude sentir sua ereção. Torci para que se aproximasse mais e meu corpo deu sinais do correspondente desejo apaixonado. Ele obviamente percebeu que eu já estava desperta, mas entrou na brincadeira: “minha gatinha está sonolenta, acho que não quero mais te acordar” – falou isso deslizando a mão pelo meio de minhas coxas, afastando minhas pernas e colocando de lado a calcinha para, com a palma da mão, massagear minha vulva. Depois, com as pontas dos dedos em pinça pôs-se a tocar o clitóris, fazendo círculos e pressão. Não consegui controlar meu corpo e me contorci toda. Remexi-me inquieta na cama e ao sentir que ele continuava a me tocar, fiquei com os músculos tensos como alguém que sente pela primeira vez o avião decolar. O toque de sua mão e dedos era um vôo alucinante, com sensações indescritíveis semelhantes a passeio de montanha russa. Eu ia ficando tonta, não sentia mais o colchão, meus braços e pernas estremeciam sutilmente. Sei que minha energia toda se concentrava ali, naquele pontinho que ele esfregava insistente e sem pressa. Eu palpitava, coração e vulva pulsando acelerados. Parecia que algo dentro de mim ia explodir a qualquer momento e eu comecei a gemer.
A calma dele se opôs à minha excitação e quase implorei que me comesse sem mais preparos, mas não disse nada. Porém, segurei sua nuca e enquanto mordia meus próprios lábios busquei sua boca. Ele beija-me sempre de forma exigente, mordendo meus lábios, chupando minha língua e oferecendo-me a sua. Eu chupava com vontade sua língua, como se vara fosse, e cada vez mais excitada empurrava meus quadris pra ele e me remexia provocante. Soltei um gemido alto quando ele enfiou dois dedos de uma só vez na minha cavidade vaginal. “Que buceta gostosa” – disse, e começou a mexer em círculos a mão, dedos bem lá dentro. Mexia e remexia minha intimidade, fazendo-me gemer e me contorcer mais e mais. Abracei-o ofegante e, sem perceber, cravei minhas unhas em suas costas.“Ai, ai, parece uma onça no cio!”, reclamou rindo. Soltei-o e procurei de olhos ainda fechados o travesseiro, o qual segurei com força e entre gemidos cada vez mais altos.
Ele tirou os dedos e os colocou novamente, fazendo movimentos rápidos que aceleraram também minha respiração.  De repente, ele cessou com os dedos, tirou-os abruptamente e me fez sentir um vazio enorme, profundo. Onde estão seus dedos, amor? – perguntei-me sem dizer palavras e abri os olhos buscando-os. Meu homem estava diante de mim, olhando-me com um sorriso torto nos lábios úmidos. Seus olhos brilhavam na penumbra da noite por refletirem a luz de um abajur aceso num canto do quarto. Ele me pareceu ainda mais lindo, mais jovem do que de fato é e, por instantes, desejei que a imortalidade pousasse sobre nós suas mãos. Queria que o tempo parasse e que existisse o para sempre.
Com um sorriso safado ele me ordenou: “abra a boca!”, e introduziu seus dedos melados entre meus lábios, esfregando-os na minha língua e dentes. “Sinta o seu gosto em mim, prove o sabor de sua buceta”. Chupei, lambi e mordi seus dedos, enquanto senti sua outra mão dando palmadinhas delicadas na minha buceta. Depois, separando os lábios vaginais com os dedos, virou seu rosto para baixo e cheirou-me da virilha à abertura principal.
Com a língua firme e macia começou a lamber-me, às vezes pressionando os lábios contra a pontinha do meu sexo, outras mordiscando entre beijos e chupadas demoradas. Comecei a sentir que um líquido escorria de mim e percebi o trajeto quente que ele traçou até deslizar por entre minha bunda e cair no lençol da cama. Ele me chupava com mais determinação a cada minuto e eu comecei a sentir tremores, calores, arrepios e dormências. Nenhum sonho poderia ser tão maravilhoso!
Fiquei toda rija, endureci os músculos glúteos, estiquei as pernas o mais que pude. “Quero ver você gozar, minha linda”, senti ressoando o ar quente das palavras próximo à minha bucetinha e, antes que o som chegasse aos meus ouvidos, eu já havia me contorcido toda, trêmula, convulsiva e escandalosa.  
Ainda sob efeito do gozo, sorrindo e de olhos fechados, percebi que ele esticou os braços até o criado mudo e abriu a gaveta. Olhei para ver o que ele estava fazendo: pegou de lá um pacote de camisinhas e o abriu para tirar uma que foi desembrulhando lentamente com as mãos mais lindas que já vi num homem.
Excitei-me novamente ao ver que ele abaixava o calção e exibia para mim o pau ereto, grande, bem grosso e pulsante. De olhos vidrados naquele mastro imponente, percebi que uma gota de sêmen queria sair e levei as mãos com a intenção de trazê-lo na direção da minha boca que, entreaberta, desejava chupar, sugar e lamber. “Não, agora não!”, disse ele afastando meu rosto, “quero meter em você, vire-se de quatro!”. Obediente, apoiei-me nos joelhos e braços ainda trêmulos e empinei para ele meu rabo, abrindo discretamente as pernas. Senti uma palmada bem dada na minha bunda quando ele exclamou: “minha putinha gostosa”. Agarrou minhas ancas e me apertou forte, puxando-me para bem perto de seu cacete armado e pronto para me foder.
Num golpe resoluto ele penetrou por trás, deslizando facilmente para dentro da minha buceta e começou a meter daquele jeito gostoso que só ele faz. Foi acelerando à medida que eu gemia e pedia por mais. “Quer mais pica, safada? Toma!”, e enterrava com violência sua piroca na minha xana encharcada. Observei que ele logo ia gozar e encontrei resistência física não sei onde para rebolar, uma vez mais, meus quadris contra o seu membro inchado. Escutei seu grasnido e senti a última bombada, bem dada, quase tocando meu útero de tão profunda que fora. De repente, ele parou e eu só escutei sua respiração e uns gemidos espaçados. Aos poucos ele foi se soltando de mim e nos jogamos na cama, um ao lado do outro, molhados de suor.              

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

No subterrâneo esconderijo do meu traseiro

Sempre me lembro você segurando meus cabelos, com certa violência, mas sem deixar doer, ao passear sua lingua pela minha nuca, meus ombros e costas. Imagino seus dentes delicadamente cravados na minha pele e sua boca chupando cada parte do meu corpo até deixar manchas que só você soube fazer em mim. Delicio-me com a lembrança de sua pica esfregando-se nas minhas coxas, você me encoxando por trás, e suas mãos apertando meus peitinhos. Nesta sequência, inclino meu corpo pra frente e empino em sua direção minha bunda, a qual você lambe, morde, dá palmadas leves e fortes e depois abre, dominante, para no meu cuzinho cuspir, bolinando com a lingua e os dedos. Puxando meus cabelos com intensidade, você encosta a cabeça grossa e avermelhada de seu pau na entradinha do meu cu, mas deixa com que seu membro deslize até minha buceta e o esfrega no meu líquido abundante. Mas ele só quer a minha bunda. Brilhante e rijo, seu pau procura o subterrâneo esconderijo do meu traseiro e nele se lança, lancinante. De uma só investida, inteiro, ele desliza pra dentro de mim, trilhando um caminho que você conhece como nenhum outro homem: meu rabo. Em movimentos sincronizados, seguimos neste prazer único; você dependurado em mim pelo meu cuzinho e eu fazendo forças para empurrar seu corpo com minhas ancas rígidas. Escuto seus gemidos se aproximando e, entre lambidas quentes no meu ouvido, você fala que me ama, que me ama, que me ama, que me ama, enquanto enterra sua piroca gostosa no meu cuzinho sedento. Puxando mais ainda meus longos cabelos, unhando minhas costas, espalmando com força minha bunda, entre gemidos cada vez mais intensos você acelera os movimentos. Eu de quatro, músculos e suor, feliz por estar preenchida de pica até o rabo, determino a hora exata de pararmos: "vai, meu amor, me enraba forte ai ui ai... mais, mais ahhh... agora pode esporrar no meu cuzinho, vai amor ai ai, goza tudo em mim, só pra mim, vai!". Escutando seus gritos, sinto as bombadas rápidas de seu cacete no meu rabo e, para completar meu prazer, seu saco bate em movimentos pendurares na minha bucetinha completamente encharcada. Eu gemo, grito, me derreto. Você urra alto, segurando com virilidade meus quadris contra seu pau explosivo. De súbito, você se acalma e vai soltando-se de mim, mas o pau continua submerso e, aos poucos, vai murchando. Ele sai lentamente, como se quisesse permanecer lá dentro. É quando sinto sua porra escorrendo ainda quente do meu cuzinho arregaçado, irrigado e satisfeito... 
É assim que penso em você quando estamos separados.
Com amor e saudades, J.J.