quinta-feira, 4 de abril de 2013

Trai meu marido com um pintor pintudo



Eu nunca entendi esta história de infidelidade masculina versus fidelidade feminina. Veja bem, é uma questão estatística. No último Censo existam 52% de mulheres e 48% de homens, ou seja, diferença mínima. Para ter sexo é necessário duas pessoas e como a população é equilibrada entre os sexos, a quantidade de infidelidade é igual entre ambos na média. Por que só agora descobrir que mulheres traem também?
Sou uma mulher cabeça aberta, mas nunca suportei um “relacionamento aberto”, em que as pessoas têm ciência das traições um do outro. Sei que isso parece depravação, mas prefiro mil vezes fazer sexo a três do que imaginar que o meu homem está na cama com outra, desfrutando de um prazer do qual não podemos compartilhar. Mais de um namorado se aproveitou dessa minha concessão e realizou a fantasia sexual da maioria dos homens, que é transar com duas mulheres ao mesmo tempo. Acho que o interessante é experimentar simultaneamente como é transar com alguém com quem temos vínculos de afeto e com outro até então desconhecido, ou neutro emocionalmente. Sou orgulhosa desse meu comportamento por ver nisso mais doação do que levianismo. O grande prazer que tenho é dar este prazer ao homem. Sem contar que tenho, no mínimo, precedente para pedir a ele que vá para cama comigo junto com outro cara. Se é para ser fantasia, não existe limite e eu posso tudo. Menos dizer que tenho certeza das traições do meu marido, porque combinamos que, acima de qualquer coisa, jamais seríamos inimigos, nem amigos.
Acho o fim estes casais que comentam experiências, ainda que sejam anteriores. Eu me sentiria como se fosse um amigo de boteco se o cara algum dia me contasse que saiu com uma profissa deliciosa! Há detalhes que são desnecessários dizer e indigestos de ouvir. Aliás, admiro muito meu marido por nunca ter deixado pistas de suas aventuras e, desde que ele não me deixe “na mão”, faço vistas grossas. Prefiro assim.
Dias atrás, uma amiga me contou que seu namorado confessou sair com outras mulheres de vez em quando, mas que nenhuma experiência foi à altura do que eles vivem na cama. Ela achou isso uma linda declaração de amor; eu fiquei chocada. Fosse eu, daria um tapa na cara do cachorro e nunca mais!
Em quase quinze anos de casamento, já trai meu companheiro algumas poucas vezes e só contei à minha terapeuta. Naturalmente, já convivi com sentimentos de culpa, afinal ele é tão dedicado à família, um pai carinhoso, um marido tão bom. Nunca sequer pude reclamar da nossa vida sexual, temos um entrosamento perfeito. Mas de uns tempos pra cá sinto que ele não tem dado conta de me satisfazer. Eu quero sexo uns cinco dias na semana e ele só tem me procurado (aliás, sempre achei que o linguajar popular se equivoca usando “procurar” em detrimento “de encontrar” para se referir ao interesse sexual de um para com o outro), enfim ele me encontra apenas uma ou duas vezes a cada dez dias. Calculo quantas trepadas perdemos este ano e deduzo que ele com certeza tem outra. E quem tem outra, tem outras! Ninguém pode trepar tão pouco! Li em “Ensinamentos Sexuais da Tigresa Branca” que uma mulher saudável precisa ter em média 1.700 parceiros sexuais durante a vida para desenvolver sua feminilidade intensamente, física e espiritualmente falando. Salvo o exagero, gostei da ideia de ter mais parceiros sexuais.
O problema é que moramos numa cidade pequena e eu temo muito, sobretudo pelos meus filhos, ser taxada de mulher sem vergonha por este bando de mulherzinhas pudicas. Aqui todo mundo sabe de tudo e não adianta muito ir até as cidades vizinhas, a fofoca sempre chega. Veja este exemplo assustador: uma amiga foi comprar roupas em Ribeirão Preto e a vendedora, ao saber que ela é daqui disse: “temos uma grande cliente desta cidade, a fulana”. A moça, sem dó nem piedade, completou: “uma que tem um marido loiro e um namorado moreno...”. Na festinha seguinte, regada a vinho espumante, enquanto as crianças brincavam com alegres monitoras e os maridos tomavam cerveja sentados numa mesa apartada, o caso foi anunciado em tom de peripécia. Dei risada como se tivesse ouvido uma piada pela segunda vez e fiquei só observando as reações das minhas amigas, excitadíssimas.
Havia nitidamente um peso moral nas falas, um julgamento acerca de algo pecaminoso. Observei que as mais pudicas são as que mais mordem os lábios enquanto escutam os detalhes da história que, a esta altura, já foi contada e recontada. E se chega outra mulher para se despedir é convidada a sentar e ouvir a última fofoca. Percebe-se que o prazer maior é comentar e ficar ali imaginando como devem ser as aventuras sexuais alheias. Todas da mesa conectadas ao mesmo assunto, e que delícia este assunto não ser culinária, escola, balé e férias. Mulheres adoram falar do sexo que praticam, mas amam saber o que as outras fazem ou não fazem.
Eu estava sozinha no apartamento, um calor apocalíptico, camisolinha de algodão, aspirador de pó ao invés de ventilador. Gosto das janelas sempre abertas, mas sou muito distraída. Quando nos mudamos para cá, filho bem pequeno, meu marido cantarolava com freqüência “ai como esta moça é descuidada, com a janela escancarada...” e eu, muito distraída que sou, demorei algum tempo para perceber que estava me mandando um recado. E quando eu perguntei se não tinha ciúmes de alguém me ver seminua ele me apertou: “fico lisonjeado de saberem que uma mulher dessa é só minha”.
Uns homens estão pintando todo o prédio, inclusive as janelas. De costas para a janela, limpando o sofá com o aspirado, fui atraída pela presença de uma outra pessoa praticamente levitando no meio da minha sala.
Dependurado por cordas e sentado em uma cadeirinha, como estas de rapel, era um rapaz de boné, capacete de proteção, botas sujas de tinta. Era evidente o volume do seu pênis apertado entre as cordas. Há quanto tempo estava ali me olhando? Fiquei meio abobalhada pensando nas palavras pintor pinto... pintor pinto... pintor pinto, como se os sons das palavras, feito mantras, me conduzissem a uma outra dimensão. Ele me olhava enfeitiçado, eu muito bronzeada e desprevenidamente seminua dentro da minha própria casa. Foi uma eternidade até que ele se desculpasse com palavras desconexas e eu sorrisse entre envergonhada e insinuante. Tentando tirar os olhos das minhas pernas, ele explicou que ia pintar a janela da sala e que eu precisaria fechá-la. Não sei explicar que poderosa força me dominou no instante em que decidi pedir que fechasse ele mesmo a janela, mas que antes descesse ao chão.
Como uma mãe de família encontra dentro de si a capacidade de contar o que depois se sucedeu? Não posso contar isso às minhas amigas, por isso escrevo neste blog, para não esquecer, para reviver cada detalhe, para gozar mais uma vez com a certeza de ser desejada sem antecipação e ou adiamento.
Ele não resistiu, se desprendeu e entrou na sala pela janela. Em seguida, a fechou. Veio em minha direção como um cão faminto, o pau quase estourando dentro da calça, e enfiou as mãos ásperas entre minhas coxas. Eu não demonstrei insegurança, ao contrário, levei sua mão até minha xaninha e a esfreguei. Sentindo-me toda molhada ele enfiou os dedos por baixo, levantando levemente meu quadril tamanha força de seus braços. Comecei a gemer e a rebolar em seus dedos, enquanto sentia sua outra mão em meus seios apertando-me com violência. Abri o zíper de sua calça jeans velha e seu pau enérgico quase voou em minha direção.
Não tive tempo nem chupá-lo como tanto desejava, pois o rapaz me virou de costas e foi logo dizendo: “você é uma putinha mesmo, uma putinha muito gostosa. Vive sem calcinha para ser fodida a qualquer hora, né, dona? Agora você vai ter o que merece”. Eu apoiei minhas mãos no sofá e empinei o quadril. Ele deu uma lambida longa desde a minha xaninha até meu traseiro e, como por instinto, deslizou para dentro de mim seu pau grande, quente e duro. Minha excitação era tanta que com poucas bombadas bem dadas senti vindo o primeiro orgasmo, e gemi alto.
Ele continuou a socar em mim num ritmo intenso, apertando com as mãos meus seios. Eu esfregava meu clitóris com uma mão e empinava a bunda para sentir aquela pica deliciosa me preenchendo bem no fundo. Assim, gozei mais uma vez a tempo de ouvir meu pintor lindo dizer que queria esporrar na minha cara. 
Ajoelhei-me e comecei a lamber suas bolas; ele batendo punheta rapidamente, estremecendo-se à minha frente. Quando vi que ele ia ejacular, abocanhei a cabeça do seu cacete e chupei com vontade. Sua porra escorreu abundante por entre meus dentes, lábios, queixo e pescoço e me senti meio envergonhada, meio triste, meio insípida, insignificante e tola. Senti-me, sobretudo, miseravelmente infeliz numa cidadezinha provinciana. Ele beijou-me a boca, forçando a língua contra a minha e disse, antes de sair pelo mesmo lugar que entrou: "agora vou terminar de pintar a janela da sala, mas amanhã pintarei as dos quartos e quero você de novo, todinha nua, me esperando". Lançou sobre mim um olhar apaixonado e doce, um olhar cheio de promessas de prazer. Eu, porém, sou covarde e previ nisso um perigo grande. Nos dias seguintes, deixei as janelas fechadas. Fui a vários médicos, massagista, dentista, visitei parente, voltei pra academia, fiz compras desnecessárias e quase não fiquei em casa. 


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