quarta-feira, 29 de maio de 2013

La petit mort (colaboração de Adriana Dias e Noites da Paixão)



Ah, Juliet Jaguar, uma mulher destemida, sem amarras, sem escrúpulos, sem pudores, sem limites. Mas a vida impõe limite a tudo. E no seu caso, seu limite veio em forma de excesso.
Eles, amantes há algum tempo, se encontraram para uma daquelas noites avassaladoras em que o amor transcende o teto do motel. À busca por sua pequena morte , como os franceses chamam o orgasmo “La petit mort”, ela não imaginava que seu fim seria com aquilo que a mais trazia prazer.
Como nunca soube dizer não, ela foi pega pelo laço da morte ao não se desvencilhar do grande jorro de esperma ejaculado por seu amor, seu amante, seu tudo. Ele que tinha chegado da Europa, trazendo acúmulo de sêmens, pois não tinha feito sexo com sua esposa – pois não foi à viagem, e nem tampouco com qualquer mulher durante a viagem, porque seus músculos só se enrijeciam para ela, sua Juliet.
Ela não pensou que naquele dia, uma quinta-feira fria do mês de maio, após tomarem um fino e raro Penfolds Block 42 Cabernet Sauvignon 2004, sua vida se esvairia. E olhe que o vinho raro é australiano e não italiano, espanhol ou português, como os que ele trouxe para sua esposa, de preços comuns. Este custou a ele e outros onze clientes, aproximadamente R$ 350 mil, mas Juliet valia esta loucura, afinal ela era a razão dele respirar.
Os afagos eram cada vez mais ardentes, para combinar com o vinho vindo do Novo Mundo. E ela veria o outro mundo dali alguns minutos. E lambe aqui, lambe ali, língua na orelha (uma das suas regiões erógenas mais apreciadas). Ele era um amante sedutor, caliente e com saudades.
Juliet,  ah, Juliet fazia proezas na cama, menos uma coisa: ejaculação na sua boca. Era uma despudorada, mas tinha nojo do gozo do amante, ou de qualquer outro homem. Mas neste dia ela sucumbiu ao pedido do seu grande amor, que lhe deu um presente de valor equivalente a uma casa: o sauvignon.
Gentilmente, ela que nunca dizia não a nada, disse não às suas próprias convicções. Soltou lá do fundo da garganta um sim com letras maiúsculas ao amado. Ele, quase não acreditando no que ouvia, se aprazia com a cena que via: a sua amada, toda linda, pronta para receber o que ele tinha de mais íntimo, dentro de si. Para ele era a representação de que jamais sairia dentro dela.
Ela não teve tempo de ter o orgasmo naquela noite. Ele sim. Ejaculou em sua boca de baton vermelho, ainda mais avermelhada pelo sugo da uva sauvignon. Tamanha voracidade que não foi possível escapar. Juliet sufocou com o jato de esperma e antes mesmo que seu amante conseguisse se recuperar da sua La petit mort, sua amada já não mais respirava. Morta de prazer em dar prazer ao seu amado.

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