quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A Língua Lambe ou A milenar arte de chupar buça

    
      Uma mulher nunca esquece o homem que, pela primeira vez, a fez gozar com sexo oral. Antes disso, alguns homens até podem ter colocado a boca lá, provocando certo prazer. Contudo, talvez pela falta de intimidade ou mesmo pela inabilidade do parceiro, conseguir o orgasmo com sexo oral não é fácil. Aliás, algumas mulheres nem se permitem este deleite.
     O sexo oral é para muitas ainda um tabu, seja por acreditarem que vagina cheira à bacalhau ou por sentirem nojo da boca do parceiro depois, afinal algumas mulheres se acham tão heterossexuais que dizem: "tenho tanto nojo de buceta que, na minha boca, nem o gosto da minha eu quero sentir". Outras, podadas por diversos preconceitos, especialmente os morais e religiosos, deixam de viver um dos melhores prazeres do sexo.
     Dia desses, conversei com uma mulher que acaba de se separar depois de uma década de casamento. Ela assumiu que deixou muito a desejar na vida sexual a dois, confessando que se casou virgem e que NUNCA praticou sexo oral com seu único parceiro. Segundo tentou me explicar, a educação religiosa que recebeu toda a vida apregoou que tal prática é pecaminosa. Se ela não podia chupar o pênis do marido, também não deixava que ele chupasse sua perereca! Sim, em pleno 2012 eu também não poderia imaginar que, de fato, existem pessoas tão recalcadas. Agora que estão separados e depois de algumas conversinhas com Juliet, a mulher em questão diz estar louca para reatar com o ex e fazer tudo que não fez. Mais dia menos dia, o sexo oral vai acabar rolando, com o ex ou com outro. E eu, estou louca para ouvir de sua própria boca (pobre boca virgem de pica!) como terá sido a experiência, especialmente o que sentiu ao ser chupada pela primeira vez. Vamos aguardar...
     Além de muitos problemas envolvendo mulheres, alguns homens também são travados à prática de sexo oral. Ou melhor, adoram quando as mulheres fazem neles e até forçam a situação, mas quando é a vez dos bonitões fazerem em nós, alguns demonstram não ter muito entusiasmo. Uns fazem muito "nas coxas", como se fosse uma obrigação, e há ainda os bundões que nem fazem. "Não chupo buceta de mulher nenhuma, nunca fiz isso e não vou fazer isso agora", disse-me certa vez um ex namorado. "Então, repense seus conceitos porque se você não me chupar eu também não te chuparei mais. A não ser que não goste de buceta; aí precisa arrumar um namorado e não uma namorada", fuzilei. Depois de uma greve minha, vendo que não obteria o que desejava - minhas deliciosas chupadas - ele cedeu e se dedicou ao aprendizado da milenar arte de chupar buça. Sorte das outras mulheres que vieram depois de mim, porque homem que não chupa não está com nada. Pode ter pegada, pode ter beijo bom e pode até ter um membro avantajado, mas se não dá umas linguadas na menina... não satisfaz. 
     Há ainda aqueles caras que, nas preliminares, adoram usar os dedos, e nada mais. Saibam rapazes que muitas mulheres odeiam dedadas! Tem que chegar com mais delicadeza, beijando, lambendo, mordiscando, sugando, pressionando o clítoris devagar e, quando a moça estiver gemendo e se contorcendo toda, meta a língua lá dentro e não o dedo. Deixe o dedo para meter em outro lugar quando a transa estiver pegando fogo, afinal ao contrário do que se pensa, as melhores mulheres são as que topam tudo, inclusive prazer anal. Vejam  o exemplo de uma leitora deste blog que me escreveu hoje as seguintes linhas: "Minhas amigas daqui me perguntam o que eu faço para os homens ficarem tão enfeitiçados. Eu digo que não faço nada, mas deixo eles fazerem tudo".
      Mulher também se amarra em homem que faz de tudo (especialmente cair de cara numa buceta e ficar lá até ela gozar). Aliás, uma modalidade maravilhosa de sexo oral é aquela posição em que sentamos peladinhas na boca do(a) parceiro(a). Se estivermos lisinhas, sem pelos pubianos, melhor ainda. Além de mais higiênico, estar depilada facilita o movimento da língua. Esta, por sua vez, precisa ser habilidosa e não ter preguiça de lamber. Passar os lábios é uma boa ideia, mas bom mesmo são aqueles movimentos ligeiros e curtos, só com a ponta da língua.  O ideal é que, ao final, os músculos da língua estejam doloridos. É bom lembrar que mais vale uma língua firme no clítoris do que linguadas na cavidade vaginal. Intercale lambidas com chupadas, fazendo certa força e pressão.
       Para quem busca inspiração, este lindo poema de Carlos Drummond de Andrade, poeta que, a propósito, hoje comemoraria mais um aniversário. 


               " A lingua lambe as pétalas vermelhas
                 da rosa pluriaberta; a lingua lavra
                 certo oculto botão, e vai tecendo
                 lépidas variações de leves ritmos.

                E lambe, lambilonga, lambilenta,
                a licorina gruta cabeluda,
                e, quanto mais lambente, mais ativa,
                atinge o céu do céu, entre gemidos,
                entre gritos, balidos e rugidos
                de leões na floresta, enfurecidos".

(Poema extraído do livro O Amor Natural)

Homenagem a Drummond, pelo seu aniversário


Versos: "Tenho apenas duas mãos/ e o sentimento do mundo"
de Carlos Drummond de Andrade
 (Foto: Simone Monte)

MIMOSA BOCA ERRANTE

Mimosa boca errante
à superfície até achar o ponto
em que te apraz colher o fruto em fogo
que não será comido mas fruído
até se lhe esgotar o sumo cálido
e ele deixar-te, ou o deixares, flácido,
mas rorejando a baba de delícias
que fruto e boca se permitem, dádiva.
Boca mimosa e sábia,
impaciente de sugar e clausurar
inteiro, em ti, o talo rígido
mas varado de gozo ao confinar-se
no limitado espaço que ofereces
a seu volume e jato apaixonados
como podes tornar-te, assim aberta,
recurvo céu infindo e sepultura?
Mimosa boca e santa,
que devagar vais desfolhando a líquida
espuma do prazer em rito mudo,
lenta-lambente-lambilusamente
ligada à forma ereta qual se fossem
a boca o próprio fruto, e o fruto a boca,
oh chega, chega, chega de beber-me,
de matar-me, e, na morte, de viver-me.
Já sei a eternidade: é puro orgasmo.



                      ******

SUGAR E SER SUGADO PELO AMOR

Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
Que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.


Poemas do Livro O Amor Natural (1992)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O amor é fogo e ferve queimando


Tomo um banho quente, embora faça calor. Ao sair do banheiro, ainda enrolada na toalha, espio a rua pela janela. Sinto que o horário de verão deixa as pessoas  mais animadas no começo da noite. Muitas resolvem fazer caminhadas ou correr pelos parques, as academias com certeza estão bastante frequentadas e os bares e sorveterias têm um movimento intenso. A energia agitada deste começo de estação me deixa também excitada. Ou será a expectativa do encontro que terei em breve?
Passeio nua pela casa; estou sozinha. Ligo o rádio e uma linda canção invade todo o ambiente: "faça de mim o seu brinquedo, você é meu enredo vem prá cá...". Deixo a toalha cair e, saltitante, vou cantando até o quarto. Passo um creme misturado a um óleo bem cheiroso nas pernas, braços, bumbum, barriga e seios. Esfrego meu corpo com minhas próprias mãos, acariciando e afagando cada parte. Olho-me no espelho e as marcas de biquini se sobressaem a ponto de causar em mim mesma certa excitação. Mulher apaixonada, quando olha o próprio corpo, se lembra do seu homem.
Ele logo chegará, preciso ficar linda. Escolho uma lingerie entre tantas. Fico diante do espelho, murcho a barriga e empino a bunda. Faço poses sensuais e ensaio um olhar penetrante imaginando que é ele à minha frente. Estou completamente depilada, lisinha e gostosa. Dou uma borrifada de Chanel 5 na virilha, outra no “cofrinho” que fica no começo das nádegas. A seguir, visto a calcinha fio dental preta com lacinhos pink.
Passo um pouco de perfume nos dedos e os levo até os bicos dos seios. Com leves movimentos circulares, faço esta parte tão sensível do corpo enrijecer. Ideias loucas me passam pela cabeça, como por exemplo, eu estar sentada sobre meu namorado, cavalgando seu membro rijo e ao mesmo tempo oferecendo em sua boca os meus seios para ele lamber, chupar e morder. Estou desesperada de tesão e não sei como vou conseguir esperar até depois do evento que iremos. Ajeito o sutiã, faço uma maquiagem discreta e prendo os cabelos. Olho no celular, tenho ainda quinze minutos até o horário combinado. Já escolhi o vestido e o sapato, mas os deixo numa poltrona no canto do quarto.
Ainda de calcinha e sutiã, deito-me na cama e escrevo uma mensagem ao celular. “Vem logo que to queimando de desejo”, envio ao gato. Menos de um minuto depois, a resposta: “to chegando”. Corro até a sala e deixo a porta destrancada, aumento o som e volto à cama. Puxo a calcinha pro lado e toco com os dedos meu clitóris, insistentemente. Abaixo o sutiã e massageio um dos meus seios, enquanto continuo a tocar minha buceta depiladinha e, a esta altura, bem molhada.
Não escuto meu namorado entrar em casa e, quando o vejo, já está na porta do quarto, olhando-me encantado. Faço de conta que ele não está, fecho os olhos e abro as pernas para deslizar os dedos vagarosamente no meu sexo. Viro-me de costas, empino bem a bunda em direção a ele. Neste instante, sinto que ele se aproxima. Tudo acontece muito rápido: ele me segura pela cintura, levanta meu quadril e penetra em mim sem nem afastar a calcinha. Está duro, inchado, enorme e latejante. Começo a gemer alto, estou de fato muito excitada. Ele mete com força, sem parar, entrando e saindo da minha buça como se eu fosse uma cadelinha de rua no auge do cio. Um gozo rápido e pequeno, porém intenso, me invade a alma. Ele, ao perceber que me satisfez, desacelera seus movimentos bruscos e, aos poucos, retira de mim meu objeto de prazer favorito.
_ Vem, não podemos nos atrasar. Mais tarde eu te dou o que você quer, sua assanhadinha.
_ Já me deu o que eu queria, amor...
_ Não, ainda não, depois vou te dar um leitinho bem quente pra você dormir a noite inteirinha, neném.
Levantei-me ainda trêmula e vi que ele não tinha se dado ao trabalho nem de tirar a camisa, apenas abaixou as calças. Coloquei meus sapatos e vestido, fui até o espelho para arrumar os cabelos e refazer o batom. Minhas bochechas estavam vermelhas, como sempre ficam depois de uma boa trepada. Saímos de mãos dadas e alegres; eu me sentindo a mulher mais tesuda do mundo, ao lado do homem mais lindo e gostoso. O que fizemos quando voltamos pra casa naquela noite, escreverei depois.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Amor - pois a palavra essencial - Drummond



Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.
E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.
Quantas vezes morremos um no outro,
nu úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.

(Carlos Drummond de Andrade - In O Amor Natural)


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

PRECISAMOS TER AMANTES...



Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de ter um. Há também as que não têm, e as que tinham e perderam. Geralmente são essas últimas as que vêm ao meu consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro ou as mais diversas dores.

Elas me contam que suas vidas transcorrem monotonamente e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre. Enfim, são várias as maneiras que elas encontram de dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.

Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "Depressão", além da inevitável receita do anti-depressivo do momento. Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que elas não precisam de nenhum anti-depressivo; digo-lhes que elas precisam de um AMANTE!

É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu veredicto. Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas?!" Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais.

Àquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas com o meu conselho, eu explico o seguinte: AMANTE é "aquilo que nos apaixona". É o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.

O nosso AMANTE é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida. Às vezes encontramos o nosso amante em nosso parceiro, outras, em alguém que não é nosso parceiro mas que nos desperta as maiores paixões e sensações indescritíveis.

Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no esporte, no trabalho quando é vocacional, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto... Enfim, é "alguém" ou "algo" que nos faz "namorar" a vida e nos afasta do triste destino de "durar".

E o que é "durar"? Durar é ter medo de viver. É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão, perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, é a preocupação com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva.

Durar é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo contentar-se com a incerta e frágil sugestão de que talvez possamos fazer amanhã. Por favor, não se empenhe em "durar", procure um amante, seja também um amante e um protagonista ... da vida. Pense que o trágico não é morrer; afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém.

O trágico é não se animar a viver; enquanto isso, e sem mais delongas, procure um amante...

A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental: "Para estar satisfeito, ativo e sentir-se feliz, é preciso namorar a vida."
(Dr. Jorge Bucay - Tradução do original : Hay que buscarse un amante)

Chá com xoxota

O que uma mulher apaixonada quer ouvir ao acordar, ainda na cama?
_ Sexo ou café da manhã?!

Qual o presente inesquecível?
_ A primeira lingerie que ele comprou pra mim (e a última também).

Onde os homens escondem de nós os presentes que compraram para outra durante a viagem?
_ No fundo da própria mala, dentro de sacos plásticos.

Manter relacionamento erótico-virtual configura traição?
_ A maioria dos homens (mais do que nós) precisa disso e, se você for esperta, vai fingir que não sabe.

O que dizer na hora H?
_ Goze pra mim, isso, goze, só pra mim...

Quem, depois de transar, atravessa a noite lendo "50 Tons de Cinza", um best seller inglês que está agradando as mulheres pudicas, e ainda consegue escrever um blog erótico?
_ Juliet Jaguar.

O que fazer com este desejo que queima o corpo?
_ Amar o caminho torto que percorri, ferozmente, até sublimar relato e relação. Felação entre palavras, entre todas, melhor é fantasia.  




 


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A cama em que te prendo




A cama em que te prendo
Você ficaria, sim, com o corpo todo dolorido de tanto apanhar e se retorcer tentando em vão escapar da cama em que prendo. Mas a dor só seria sentida depois, quando o corpo esfriasse e você pensasse intensamente em mim. Durante, enquanto estivesse sob meu olhar, a dor teria um limite brando, tranquilamente tolerável, suficiente apenas para provocar mais e mais prazer. Mesmo que em algum momento, vendas em seus olhos não te deixem ver-me, gostaria que confiasse em mim absolutamente, sabendo que nunca vou te machucar. Aliás, seria um pesadelo não confiar quando se está completamente nu, braços abertos, pulsos atados com braçadeiras, tornozelos presos em correntes.
Sim, daria em você muitos tapas, uns fracos, outros com toda a força que encontrasse, uns estridentes e outros secos, sempre alternados com um carinho. Com excitação, sentindo-me muito poderosa, vejo você amarrado e começo a te chupar, lamber e beijar o pau, provocando você com minha boca, língua e dentes.
Você se enrijece embaixo de mim, à medida que subo e desço com minha boca e língua em seu membro delicioso. Meto-o até o fundo da garganta, apertando os lábios em torno dele, para cima e para baixo com cuidado para não raspar os dentes. Dou mordidinhas bem no meio dele e em seguida concentro-me na cabeça, fazendo pressão com meus lábios. Você está bastante grande, duro e ainda mais grosso. Dá pra ver as veias do seu pau estufadas, como se a qualquer momento fossem explodir.
“Para, não quero gozar agora!”, você diz com desespero, força toda contida, se contorcendo e gemendo alto.
“Você não vai gozar agora, meu amor. Nem decidi ainda se vou fazer você gozar ou se vou te deixar com o pau dolorido de tanto se segurar. Agora vou soltar um de seus tornozelos e um dos braços e vou prender do outro lado, mão com mão, pé com pé, e você vai ficar de ladinho porque quero te dar uma bela surra na bunda para você aprender a ser melhor comigo, ok?”.
Depois que te prendo como imaginava, retiro a venda de seus olhos. Sua expressão é de susto. Acaricio sua bunda, aperto sua carne com meus dedos, massageio seus músculos e, sem avisos, dou a primeira palmada, bem forte. Reagindo a dor, você tenta se levantar, mas eu coloco um dos pés numa de suas costelas, empurrando você pra baixo, respiro fundo e bato de novo, desta vez mais raivosa, mais forte. Bato de novo e de novo, depressa e sem interrupções. Você contrai o rosto para suportar a degradação de apanhar pra valer de uma mulher. Bato mais uma vez e depois acaricio. Esfrego sua linda bunda e, em seguida, mais uma palmada. Consigo ter um padrão rítmico: carinho, afago, palmada. A palma da mão em chamas, avermelhada, dolorida, mas continuo batendo e gemendo forte a cada palmada.
“A combinação de dor com carinho é muita cansativa, não é?” – pergunto enquanto afago.
Você não emite um som, mas sei que está agoniado. Só não quer me dar o prazer de implorar por perdão. Não gosta que eu o veja chorando e finge que pode suportar sem reclamar ou pedir trégua. Mesmo assustado e sem saber bem em que pensar, você não diz nada porque tem muito medo de demonstrar sentimentos.  Afago com delicadeza sua bunda, depois faço um risco com as unhas em suas costas, suadas.   
“Você sabe porque fiz isso, não sabe? Sabe porque  apanhou, filho da puta?”
Com muita raiva de mim, você diz: “Caralho! Sei, sei! Agora pode me tirar daqui, acabou a ceninha”.
“Hã hã... Ainda não terminei com você. Lembre-se que se houver reincidência desta atitude grosseira e desrespeitosa sua, vou te bater com chicote e te fazer contar em voz alta cada tapa meu”. Há um tom de assombro e ameaça em minha voz; você dá um chilique, tenta se soltar, me manda tomar no cu. Está puto, se sente humilhado. Eu te provoco: “é assim que eu me sinto toda vez que você me trata mal, meu amor. Dói, dói muito, dói fundo. Toda vez que você me agride emocionalmente, eu tenho vontade de gritar, chorar e implorar que pare de me fazer sofrer, porra. Algumas vezes tenho vontade de te bater, outras de fugir de você pra sempre, mas não consigo porque simplesmente estou presa... Se é que você me entende...”. Digo isso num tom de fingida amabilidade, com sarcasmo até, enquanto acaricio com as unhas suas costas e sua bunda, num ritmo entre sensual e ameaçador.
Não havia espaço para arrependimento, não mesmo. Acho realmente que você mereceu levar uma surra. Pensei que seria ótimo dar também umas bofetadas na sua cara, mas não encontrei forças. Mesmo não estando nada arrependida, começo a passar a língua em suas costas, cintura e nuca, parecendo tentar agradar. Começo a te beijar enfaticamente, do cabelo aos pés. Lambo, beijo e chupo cada parte de seu quadril e coxas. Comento que sua bunda está com as marcas da minha mão e dou uma risada exagerada. É que achei excitante ver as marcas da palma da minha mão em você, para lembrar o que fiz. Nunca pensei que podia fazer isso! Minha deusa interior está saltitante e louca para começar a dança dos sete véus.  
Enfio minha cara entre suas coxas e inspiro fundo o seu cheiro. Não posso me controlar. Fico ali por um bom tempo, cheirando sua virilha e suas bolas enquanto minha língua trabalha para seu prazer. Você geme muito, começa baixinho e vai aumentando o volume. Seu gemido me excita e, por várias vezes, perco o ar dos meus pulmões enfiada entre suas pernas, cheirando e lambendo você. Minha língua é bem à vontade com seu corpo, não é? Ela sabe exatamente o que fazer para te excitar até um limite antes desconhecido.
Seu pau está rijo, latente, brilhante, parece que vai explodir. Nunca o vi tão duro, grande e grosso. Seguro ele com as mãos, aperto, dou uma cuspida e começo a massageá-lo com a mão direita enquanto a esquerda se detém em suas bolas, apenas tocando levemente seus bagos, de dentro para fora. Olho pra você; seu olhar está em brasa, mas acho que não é mais de raiva e, sim, de desejo. Decido te soltar, não vou te bater mais, o castigo acabou. Solto seus tornozelos e pulsos, sem dizer palavra.
Ao se ver livre você avança em minha direção, me segura firme e violentamente. Estamos um diante do outro, olhos nos olhos, e a energia que nos perpassa é tão intensa que podemos sentir uns arrepios no corpo. Meu olhar se desvia para seu pau, dou um sorriso safado e mordo ligeiramente o lábio inferior. Vejo que uma gota de porra quer sair e isso deixa um brilho diferente na cabeça dele, iluminada e radiante. Quero continuar observando a beleza que é seu pau ereto para mim, mas meu corpo se joga na direção dele, beijando, lambendo, chupando. Sinto-me toda molhada entre as pernas, aquele calor gostoso que só vem quando você está pulsando na minha boca.
Você enfia dois dedos em mim e os mexe lá dentro. Eu gemo alto, jogo meu corpo pra trás e sinto sua outra mão puxando os bicos dos meus seios, beliscando um após o outro. Estou gemendo cada vez mais alto quando você tira os dedos de dentro de mim. Quero gozar desesperadamente, então começo a me tocar te olhando. Você segura meu rosto e me beija, sinto o gosto maravilhoso de sua saliva e gemo em sua boca. Você me empurra na cama e eu abro meus braços como quem diz: “venha”. “Putinha desgraçada, quem está no controle agora sou eu e vou te foder tanto que você vai gemer como nunca, vou te foder forte”, diz isso enquanto abre minhas pernas e enterra de uma vez só e completamente o cacete na minha buça. Sua força levanta meus quadris e, a cada estocada sua, sinto um ligeiro incomodo lá no fundo. Você enterra com força, mexe rápido repetidas vezes e depois fica quase parado fazendo movimentos curtos, porém intensos. Em pouco tempo sinto meu corpo todo tremer, uma, duas, três vezes. Num intervalo pequeno de investidas suas, sinto repetidos orgasmos e acho que a brincadeira sádica me deixou mais excitada que o normal. Uma gota de seu suor escorre no meu rosto e te vejo de dentes cerrados em cima de mim, esforçando-se para preencher-me totalmente. Você mete como quem revida uma violência sofrida, com muita força e ira. “Gos.To.Sa. Nun.Ca.Ma.Is.Vou.Te.Fa.Zer.Cho.Rar.Mi.nha.Gos.To.Sa!”, escuto você pronunciar em staccato, cada sílaba uma bombada forte dentro de mim. Suas palavras têm um efeito imediato: gozo mais uma vez, desta mais intensamente. Ainda estou sob efeito do orgasmo quando escuto e sinto você gozar, desabando com todo o peso de seu corpo suado e cheiroso sobre mim.           
(Esta é uma obra de ficção inspirada em 50 Tons de Cinza, qualquer semelhança com fatos, pessoas e sentimentos reais é mera coincidência).


Mais um trecho selecionado do livro 50 Tons de Cinza, de E. L. James

_ Sem sutiã, Srta. Steele. Gosto disso.
Ele envolve meus seios nas mãos, e meus mamilos se contraem a seu toque.
_ Levante os braços e ponha em volta da minha cabeça – ordena ele, a boca colada em meu pescoço.
Obedeço imediatamente, e meus seios se empinam ao serem pressionados pelas mãos dele, meus mamilos se intumescendo. Passo os dedos por seu cabelo, e dou um puxão muito de leve naquelas mechas sedosas e sensuais. Inclino a cabeça para facilitar o acesso ao meu pescoço.
_ Hum... – murmura ele naquele espaço atrás da minha orelha ao começar a esticar meus mamilos com seus dedos compridos, imitando minhas mãos em seu cabelo.
Dou gemidos à medida que a sensação torna-se aguda e clara no meio das minhas pernas.
_ Faço você gozar assim? – sussurra ele.
Arqueio as costas para forçar os seios naquelas mãos habilidosas.
_ Você gosta disso, não é, Srta. Steele?
_ Humm...
_ Diga.
Ele continua aquela tortura lenta e sensual, puxando com delicadeza.
_ Sim.
_ Sim o quê?
_ Sim... senhor.
_ Muito bem.
Ele me belisca com força e meu corpo se contorce convulsivamente contra o dele.
Arquejo ao sentir aquele prazer e dor profundos. Eu sinto colado em mim. Dou um gemido e agarro o cabelo dele, puxando com mais força.
_ Acho que você ainda não está pronta para gozar – sussurra ele, imobilizando minhas mãos. Ele dá uma mordida leve no lóbulo da minha orelha e puxa.
_ Além do mais, você me desagradou.
Ah... não, o que significa isso? Meu cérebro registrar através da névoa de desejo imperioso, enquanto gemo.
_ Talvez eu não permita que você goze.
Ele volta a atenção de seus dedos para meu mamilos, puxando, torcendo, amassando. Esfrego-me nele... movimentando-me de um lado para o outro.
Sinto seu sorriso no meus pescoço e suas mãos descem para meus quadris. Ele engancha os dedos na parte de trás da minha calcinha, rasga o tecido com os polegares e a joga na minha frente para eu ver... puta merda. Suas mãos descem para meu sexo e, por trás, ele enfia o dedo lentamente.
_ Ah, sim. Minha doce menina está pronta – sussurra ao meu virar de frente para ele. Sua respiração se acelerou. Ele enfia o dedo na boca. – Você é gostosa, Srta. Steele – suspira.
Puta merda. O dedo dele está com um gosto salgado... de mim.

(...)

Agora, quero ser enterrado em você – murmura ele.
Fico olhando-o, intimidada, e ele se senta de repente, e ficamos nariz com nariz.
_ Assim, sussurra, e pega nos meus quadris, me levantando, e, com a outra mão, se posiciona embaixo de mim e, bem devagarinho, me coloca sobre ele.
Gemo à medida que ele vai me abrindo, me preenchendo. Estou boquiaberta, surpresa com aquela sensação doce, sublime e torturante da penetração. Ah... por favor.
_ Está certo, baby, me sinta inteiro – rosna ele, e fecha os olhos brevemente.
E está dentro de mim, inteiro, e me segura sem deixar que eu me mexa, por segundos... minutos... não tenho ideia, me fitando intensamente nos olhos.
- Assim, vai fundo – murmura.
Flexiona e gira os quadris num movimento só, e eu gemo... puxa vida – a sensação se irradia por toda a minha barriga... para todo canto. Porra!
_ De novo – sussurro.
Ele dá um sorriso preguiçoso e faz o que eu peço.
Gemendo, empino a cabeça com o cabelo caindo nas costas, e ele, muito lentamente, se deixa afundar na cama.
_ Mexa, Ana, mexa o quanto quiser. Segure minhas mãos - diz ele, a voz rouca e grave e muito sensual.
Agarro as mãos dele, me aferrando a elas com todas as forças. Suavemente, fico me remexendo com ele dentro de mim. Seus olhos ardem naquela expectativa selvagem. Sua respiração está entrecortada, como a minha, e ele levanta a pélvis quando eu abaixo, me impelindo para cima de novo. Pegamos o ritmo.. para cima e para baixo, para cima e para baixo... sem parar de mexer... e é muito... gostoso. Entre um arquejo e outro, sinto-me totalmente preenchida... com aquela sensação intensa pulsando pelo meu copro inteiro aumentando, observao-o, olhos nos olhos... e vejo assombro nos olhos neles, assombro diante de mim.
Eu o estou fodendo. Estou no comando. Ele é meu, e eu sou dele. A ideia me leva, com toda força, ao limite, e chego ao orgasmo... gritando coisas incoerentes. Ele agarra meus quadris, fecha os olhos, inclina a cabeça para trás, cerra os dentes e goza em silêncio. Desabo em cima dele, entorpecida, entre a realidade e a fantasia, num lugar onde não há limites rígidos nem brandos.
(pgs. 236-237;239-240)
   

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Tênis x Frescobol (Rubem Alves sobre casamento)


Depois de muito meditar sobre o assunto concluí que os casamentos são de dois tipos: há os casamentos do tipo tênis e há os casamentos do tipo frescobol. Os casamentos do tipo tênis são uma fonte de raiva e ressentimentos e terminam sempre mal. Os casamentos do tipo frescobol são uma fonte de alegria e têm a chance de ter vida longa.
Explico-me. Para começar, uma afirmação de Nietzsche, com a qual concordo inteiramente. Dizia ele: ‘Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: ‘Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a sua velhice?\' Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas construídas sobre a arte de conversar.’
Xerazade sabia disso. Sabia que os casamentos baseados nos prazeres da cama são sempre decapitados pela manhã, terminam em separação, pois os prazeres do sexo se esgotam rapidamente, terminam na morte, como no filme O império dos sentidos. Por isso, quando o sexo já estava morto na cama, e o amor não mais se podia dizer através dele, ela o ressuscitava pela magia da palavra: começava uma longa conversa, conversa sem fim, que deveria durar mil e uma noites. O sultão se calava e escutava as suas palavras como se fossem música. A música dos sons ou da palavra - é a sexualidade sob a forma da eternidade: é o amor que ressuscita sempre, depois de morrer. Há os carinhos que se fazem com o corpo e há os carinhos que se fazem com as palavras. E contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: ‘Eu te amo, eu te amo...’ Barthes advertia: ‘Passada a primeira confissão, ‘eu te amo\' não quer dizer mais nada.’ É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. Recordo a sabedoria de Adélia Prado: ‘Erótica é a alma.’
O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos...
A bola: são as nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonho pra lá, sonho pra cá...
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. Camus anotava no seu diário pequenos fragmentos para os livros que pretendia escrever. Um deles, que se encontra nos Primeiros cadernos, é sobre este jogo de tênis:
‘Cena: o marido, a mulher, a galeria. O primeiro tem valor e gosta de brilhar. A segunda guarda silêncio, mas, com pequenas frases secas, destrói todos os propósitos do caro esposo. Desta forma marca constantemente a sua superioridade. O outro domina-se, mas sofre uma humilhação e é assim que nasce o ódio. Exemplo: com um sorriso: ‘Não se faça mais estúpido do que é, meu amigo\'. A galeria torce e sorri pouco à vontade. Ele cora, aproxima-se dela, beija-lhe a mão suspirando: ‘Tens razão, minha querida\'. A situação está salva e o ódio vai aumentando.’
Tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo, como bolha de sabão... O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.
Já no frescobol é diferente: o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem - cresce o amor... Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...(O retorno e terno, p. 51.)
 Não foi à toa que Adélia Prado disse que “erótica é a alma”. Enganam-se aqueles que pensam que erótico é o corpo. O corpo só é erótico pelos mundos que andam nele. A erótica não caminha segundo as direções da carne. Ela vive nos interstícios das palavras. Não existe amor que resista a um corpo vazio de fantasias. Um corpo vazio de fantasias é um instrumento mudo, do qual não sai melodia alguma. Por isso, Nietzsche disse que só existe uma pergunta a ser feita quando se pretende casar: “continuarei a ter prazer em conversar com esta pessoa daqui a 30 anos?”
Rubem Alves



Casamento

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
                           
                                                   (Adélia Prado)